sexta-feira, 1 de julho de 2011

O Pianista

Foi a terceira vez que vi o filme "O Pianista". Sabia que a história era comovente e que se apossava de mim uma certa melancolia no final, mas desta vez foi diferente e fiquei a digerir a história daquele pobre homem durante toda a noite. 

Comove-me a solidão por que terá passado Spilzman. Ver os familiares ir embora, ver a cidade desmoronar-se sem nada poder fazer e ver-se obrigado a proteger a sua vida a cada segundo... não imagino o sofrimento a que se viu obrigado. No livro que escreveu e que inspirou o filme, Spilzman demonstra uma grande preocupação com as mãos. Acreditava piamente que voltaria a exercer a sua profissão de pianista e aterrorizava-o ter as mãos expostas ao frio ou feri-las. Foi um pormenor que, de resto, tenho muita pena que não esteja patente no filme, bem como a união da sua família.

Apesar de ter tido muita ajuda de amigos e conhecidos, e de ter um grande instinto de sobrevivência, admiro a sorte que teve Splizman. Por mais de uma vez, viu uma arma ser-lhe apontada à cabeça e mesmo assim acabou por escapar. Por um lado aflige-me constatar que nem sempre o nosso esforço tenha o resultado que esperamos e que, de alguma forma, estejamos sempre dependentes de factores que não podemos controlar. Ou sorrirá a sorte àqueles que realmente a merecem?

Não poderia deixar de referir também o Capitão Hosenfeld. Mais uma vez, o livro ultrapassa grandemente o filme no que diz respeito ao capitão que salvou a vida ao pianista. Pelo que apurei, sempre tentou ser um homem justo e, para além de ajudar o personagem principal do filme, na realidade conseguiu ajudar muito mais gente. De facto e por mais estranho que possa parecer, o que mais me entristece no filme é não ter sido possível libertar o Capitão Hosenfeld do cativeiro. No livro, é dito que o Capitão terá escrito à sua mulher um bilhete com os nomes de todos os judeus que ajudara, na esperança de que alguém pudesse intervir por ele. Porém, acabou por falecer depois de sete anos de tortura. Respondendo à questão que há pouco formulei, parece que nem sempre a sorte sorri a quem a merece.

Aconselho o Livro. O título é o nome do filme e o autor é o próprio Splizman. O filme não reproduz meticulosamente toda a história, embora consiga fazer um bom resumo.


Inté*

2 comentários:

Anónimo disse...

Vi o filme e acredito que o livro seja mais completo. São sempre.
Mas fico sempre revoltado com histórias sobre o holocausto. Não gosto de sair do cinema com aquele sentimento de impotência perante factos tão horrendos sobre uma humanidade que, na sua pele de cordeiro, consegue ser tão infame, tão "desumana".
Somos uma grande porcaria.

Estudante disse...

É mesmo essa a palavra: "impotência". Eu cá ainda acho que no meio desta "porcaria" ainda se encontram pessoas que valem a pena ;)