quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Vou contar até três!

É incrível como neste país tudo funciona melhor mediante ameaça. Uma pessoa passa dias a tentar obter uma resposta a uma pergunta e ninguém lhe passa cartão. E manda mails e remanda mails e nada. Mas assim que se diz que, ou respondem, ou vão levar com uma reclamação nos costados, ai Jesus!, o teclado até fumega! E "Estimada Estudante" para aqui, "Estimada Estudante" para lá... cínicos.

É triste. Parece que estamos a lidar com meninos pequenos. Se quisermos que alguém faça alguma coisa, é preciso arregalar bem os olhos e dizer: "vou contar até três! Uuuuummm... doooooiisss...". 

Enfim.



Inté*

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Dogmas quotidianos



Quando vi esta imagem não pude conter uma gargalhada que, vítima de um realismo atroz, logo deu lugar a um choro compulsivo.

É mentira! Achavam mesmo que eu reagia dessa maneira? Não cheguei a dar a gargalhada...



Inté*

Perspectivas

"43 anos numa cadeira de rodas por erro de diagnóstico". Foi assim que o Diário de Notícias noticiou a história de Rufino Borrego, um doente com miastenia congénita por mutação do gene DOK7 que, após correctamente diagnosticado, voltou a andar pelo próprio pé. Foi com um título semelhante que a SIC apresentou esta notícia na noite passada.

Ocorrem-me tantos outros títulos! "Homem volta a andar 43 anos depois!", "O Milagre da Ciência", "A Importância da genética nos nossos dias"... Sei lá! 

Mas para quê o optimismo, se podemos fomentar a negatividade, não é verdade?



Inté*

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Somos todos doidos?...

Já alguma vez vos assolou a mente a hipótese de serem um indivíduo com graves perturbações mentais (um louco!) sem se terem dado conta? Ou seja, imaginem que sofrem de uma patologia psiquiátrica realmente grave, e que são mantidos num determinado meio e círculo de pessoas, como forma de tratamento... não sei se estão a perceber onde quero chegar.
Os loucos não sabem que são loucos. E normalmente, são mantidos em certos ambientes e tal, e nunca chegam verdadeiramente a ter conhecimento da sua loucura. Provavelmente, acham-se pessoas perfeitamente normais porque não conhecem outra realidade a não ser a deles.

Hoje, ía a caminho do hospital, quando me lembrei dessa hipótese: e se eu for uma ganda maluca que anda aqui sem saber? Mas senti isto profundamente, com uma sensação real de alheamento, sabem? Foi uma coisa muito estranha.



Inté* 

sábado, 24 de setembro de 2016

O Outono




Há coisas que só são bonitas nos poemas.
As saudades, os corações partidos, os amores platónicos, as despedidas e o Outono.

O Outono é uma estação muito bonita se a vivermos por escrito. É dourada, é amena, é um adeus ao Verão. Não consigo evitar sentir-me um pouco melancólica quando chega o Outono. Porque depois do Outono vem o Inverno, o frio, a chuva, os dias pequeninos... O Outono é assim uma espécie de Domingo, estão a perceber? Não é propriamente o Outono que incomoda, mas sim o que vem depois.

Vocês gostam do Outono? Digam lá a verdade! Não ficam tristes com a perspectiva de ter de andar com quatro camadas de roupa, chapéu de chuva e todas aquelas coisas que usamos para evitarmos ficarmos molhados, mas que dificilmente dão resultado?

Eu estou na zona mais chuvosa do país, minha gente! Como é que eu podia ficar contente?! Eu que gosto tanto de acordar com o solinho!...


Inté*

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Leituras

Este Verão consegui (felizmente!), ler bastante. Eu adoro ler, sempre adorei e acho que é uma bênção gostar de uma actividade que se pode fazer em quase todo o lado e que, ainda por cima, pode ser totalmente grátis se tivermos uma biblioteca por perto.

Dois dos livros que li foram O Homem de Constantinopla e Um Milionário em Lisboa, do José Rodrigues dos Santos. De todos os livros que li deste autor, estes são, até ao momento, os meus favoritos. Baseados na vida de Calouste Gulbenkian, dão-nos uma perspectiva muito interessante do Mundo dos finais do séc. XIX e início do séc. XX. Além disso, abordam também a história do Genocídio Arménio em 1915. Confesso que desconhecia esta passagem tão negra da nossa história. Geralmente, o Genocídio que ocorreu durante a II Guerra Mundial ocupa as nossas mentes como o mais importante massacre de sempre e, mais grave, como o último. Pensamos ingenuamente que, após o extermínio levado a cabo pelos nazis, o Mundo aprendeu a lição e que nunca mais algo de semelhante pode acontecer novamente. Mas será mesmo assim?...

Quando li a história do Genocídio Arménio durante a Primeira Guerra Mundial, percebi como no nosso Mundo os cenários de guerra, de maldade e de catástrofe tendem a repetir-se. Se de facto aprendêssemos alguma coisa com os nossos erros e com o sofrimento Humano, o massacre do povo Arménio pelos Turcos teriam impedido o Holocausto, que aconteceu, imaginem só, menos de 30 anos depois! Incrível, não é?

Será que o nosso Mundo está a salvo de outra maluqueira como a que aconteceu sob as ordens de Hitler?... E não será que temos tendência a subvalorizar certos acontecimentos (como a guerra na Síria, por exemplo) por pensarmos que o auge da maldade foi o Genocídio da Segunda Guerra Mundial? Eu acredito que, por vezes, caímos nesse erro.



Inté*


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Vida de gente crescida!

Nem nos tempos de estudo árduo para o Harrison eu dormia tão pouco!...

(Não me digam que não sabem o que é o Harrison! Ora, espreitem lá aqui.)



Inté*

Nem sei por onde começar...

... se pelas melgas, se pelo prédio dos 30 anos.

Acontece que a minha casa parece um viveiro de melgas. Antes de me deitar, cumpro o ritual de olhar bem para as paredes à procura desses vampirinhos disfarçados. Filhas da mãe, ferram-me a noite toda! E ainda por cima não sabem trabalhar caladas! São fêmeas, de certeza... pelo menos, picavam-me com a boquinha fechada, em vezes de andarem a zumbir-me aos ouvidos aquele "ZZZzzz" irritante. Em suma, eu detesto melgas e sou uma pessoa feliz quando lhes dou uma valente vassourada.

Ora acontece que, na passada 2ª-feira de manhã estava uma melga pousada numa das paredes da casa-de-banho. Tinha de lhe limpar o sebo! Ou isso, ou arriscar-me a não dormir outra vez. Então, num movimento tipo matrix (que se revelou tremendamente mal sucedido), equilibrei-me na borda da sanita para acertar no pequeno demónio. Maldita a hora... o raio da sanita cedeu, eu desequilibrei-me e a melga voou a rir-se.

Irra, pá! Melga - 1, Estudante - 0 e uma sanita potencialmente inutilizada. Foi o pânico. Não imaginam o terror que é a perspectiva de não ter onde... cagar. O meu primeiro pensamento foi: ainda bem que vou trabalhar.

À hora de almoço, voltei a casa predisposta a resolver a situação. A senhoria não atendia o telefone e, portanto, não havia outro remédio senão tentar dar um jeito na bela asneirada que tinha feito. Avaliei a situação e lembrei-me que em Ortopedia se endireitam pernas e braços fazendo o movimento contrário àquele que levou à lesão. Portanto, se a sanita estava elevada à esquerda e ligeiramente rodada, o truque era rodá-la no sentido inverso e tentar baixá-la. E assim foi. Lá voltou a pequena ao seu sítio e vocês nem acreditam no alívio que eu senti quando a vi pronta a usar!  

E nada de piadas quanto ao meu peso, ouviram? Aquela coisa cedeu porque os parafusos já estão moídos, 'tá? Bem, bem. 



Inté*

domingo, 11 de setembro de 2016

Muros

Um ano antes de eu nascer, foi derrubado o muro de Berlim.

Vinte e seis anos depois, parece que há uma certa melancolia, uma saudade de ver aqui o casebre mais compartimentado. Sabem que isto de não ter muros é chato por causa das correntes de ar. Então, parece que os muros voltam a estar na moda - a França e o Reino Unido preparam-se para a construção de um muro em Calais e o Donald Trump acha boa ideia fazer outro na fronteira com o México. Qual deles será o mais bonito?...

E falando em muros, quer-me parecer que esta malta anda toda é a bater com a cabeça nas paredes lá de casa. Mas, ainda assim, quanto ao muro na fronteira dos E.U.A. digo-vos que sou de opinião que os mexicanos deveriam concordar com a sua construção. Alto e largo, intransponível, de maneira a evitar visitas do Donald e as suas ideias... ou falta delas. 


Cá nada de misturas. 'Tão mas o que é isto?


Inté*

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

É costume dizer-se que o tempo cura tudo; que não há mal que nunca acabe. Não sei se o tempo cura tudo.. eventualmente, até poderá curar, mas não na nossa escala de tempo. Afinal, quando se acaba o nosso tempo, o tempo, efectivamente, levou tudo com ele e curou o que haveria de torto. Mas talvez existam coisas em nós que não devam ser curadas; pequenas grandes feridas que vão ficando, porque se a vida é um caminho, difícil era não ir dando umas quedas de vez em quando.

Elas vão ficando, umas melhor cicatrizadas que outras. Vão-se tornando cada vez mais indolentes, mas algumas, teimosas que só elas!, vão dando sinais da sua presença quando toca uma certa música, quando ouvimos uma certa voz, quando sentimos um certo perfume. Curiosamente, as mais dolorosas são as que nasceram de momentos mais felizes; quanto mais felizes as recordações, mais triste a sua lembrança... é um paradoxo curioso, não acham?

Talvez, na verdade, algumas delas nem cheguem a ser propriamente feridas... Será que nos sentimos um pouco mais aliviados se pensarmos assim? Se imaginarmos que, à medida que crescemos, crescem nas nossas costas uns raminhos de cerejeira. Cada flor que ali nasce é uma memória e só quando passa o vento, e faz dançar e cintilar as folhinhas, é que damos por elas. Então, momentaneamente, sentimos-lhes o perfume. 

Eu já tive um vale de cerejeiras que agora é uma flor pequenina nas minhas costas. Ou no coração, não sei bem.



Inté*

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Txiii... Oh Estudante, grande testamento!

Li a notícia um bocado na diagonal, mas parece que vai passar a ser proibido "fumar" cigarro electrónico em espaços públicos. Teoricamente, o cigarro electrónico é algo inócuo e, portanto, assim à primeira vista, não me parece necessário proibir o consumo deste produto em espaços públicos. Ainda assim, não pensei muito no assunto e, portanto, não vou tecer grandes comentários relativamente a isto.

Eu trouxe-vos este assunto porque, no seguimento desta notícia, alguém se insurgiu quanto à possibilidade da adopção desta medida, referindo que, mais importante do que proibir o consumo de cigarros electrónicos em espaços públicos, seria a adopção de campanhas e medidas relativamente à venda e consumo de produtos alimentares com elevado teor de açúcares e gorduras. De facto, e não sei se alguma vez abordei este tema por aqui, acho incorrecto que produtos como bolachas, chocolates e outros que tais, sejam taxados com IVA de 6%, por exemplo. São produtos alimentares, é verdade, mas não são bens de primeira necessidade e, se tivermos em conta que em Portugal a principal causa de morte é a doença cardiovascular (AVC's e enfartes do miocárdio), é uma vergonha que não sejam adoptadas medidas de Saúde Pública com a magnitude das campanhas anti-tabágicas, em que seja desincentivado o consumo deste tipo de produtos (e outros...) e promovido o consumo de alimentos mais saudáveis.

Somos cada vez mais gordos; quase todos os indivíduos a partir de certa altura, têm diabetes tipo 2; a HTA é outra epidemia que tal e as nossas políticas beneficiam os lobbies das grandes indústrias alimentares em detrimento da nossa saúde.

Alguém dizia que faz sentido que a campanha contra o tabaco seja mais premente do que uma campanha contra hábitos alimentares (incluindo consumo de bebidas alcoólicas) porque "podemos morrer com o fumo dos outros, mas ninguém morre só porque a pessoa ao lado comeu uma bolacha". Ora, esta insinuação, para além de me parecer de um egoísmo abismal, parece-me também reveladora de uma grande ignorância. Primeiro, porque todos nós sabemos os riscos que corremos num país que gosta de beber uns copos a mais, nomeadamente, a quantidade de acidentes de trânsito que acabam de forma bastante trágica. Em segundo lugar, basta recordar que todos nós financiamos, mediante o pagamento de impostos, o nosso Serviço Nacional de Saúde. Somos nós que pagamos todos os internamentos por diabetes descompensada, por enfartes do miocárdio, por AVC's; somos nós que pagamos os transplantes de fígado; somos nós que temos listas de espera consideráveis para consultas que poderiam ser menores se não tivéssemos tantos doentes em consultas de diabetes, HTA e por aí fora. (Ah, e  faltam as baixas!...).

Portanto, os gastos, directos e indirectos, que resultam dos nossos estilos de vida sedentários e atolhados de comida pouco saudável são enormes e são pagos por todos nós. Além disso, penso que todos nós beneficiaríamos de uma sociedade mais saudável, certo?

Tenho pena que não exista coragem da parte das entidades competentes, para tomar medidas concretas e verdadeiramente fracturantes, digamos assim, no que diz respeito à indústria alimentar (como foi a redução do teor de sal no pão, por exemplo). É verdade que muitas alternativas a alimentos menos saudáveis são mais caras. Mas muitas dessas alternativas também são dispensáveis (produtos sem açúcar, frutose e outros adoçantes, substitutos da carne, sei lá...). Os velhinhos legumes, a fruta, o leite e o consumo moderado de tudo o que comemos constituem, no fundo e em termos gerais, aquilo que é realmente fundamental... e pouco dispendioso.


Inté*

A desforra

São duas da manhã e eu estou aqui entretida a comer bolachas de milho. As Urgências tiram-me o sono e fazem-me fome pelo que, quando Estudante chega a casa depois do dia de Urgência, apesar do adiantado da hora, não consegue dormir. Então, dá uma espreitadela no blogue, dá uma espreitadela no email, come umas bolachinhas (as de milho... essas desensabidas... o que me consolava agora eram umas bolachas a sério, com chocolate, e não esta esferovite disfarçada. Mas vá, diz que estas são saudáveis. Bah).

Hoje chamaram-me Doutorinha. Não sei exactamente o que isso quer dizer, mas foi dito de uma forma meiga e eu achei simpático. "Doutora" soa-me mal e se fosse "Doutoreca" ainda pior. Mas Doutorinha parece-me um termo adequado para um projecto de médica, ainda em fase de construção.


Inté*

domingo, 4 de setembro de 2016

A propósito...

... deste post:

Como já devem reparar, eu sobrevivi ao querido mês de Agosto! Yeaahhh!

E só faltam (mais coisa, menos coisa) 4 meses para eu ir, finalmente!, para o meu Serviço. Antes, porém, antevê-se uma mudança de casa algures pelo caminho e, a bem dizer, acho que ainda estou um bocado traumatizada com os caixotes da primeira...

Mas não há-se ser nada, não é verdade? Afinal, eu sobrevivi ao mês de Agosto, caramba!


Inté*

sábado, 3 de setembro de 2016

As memórias pequenas

Não é raro, e provavelmente também acontece convosco, eu fixar na minha memória pormenores muito pequenos do dia-a-dia e acabar por esquecer aspectos que, aparentemente, seriam os mais lógicos de guardar algures nuns neurónios gaveta.

Quando era pequena, o Avô comia pão às refeições. Agora já não come, porque parece que a doçura que insiste tanto em esconder na sua aparência de homem não sentimental, se lhe transferiu para o sangue e acabou por ficar com diabetes. Mas o Avô não comia um pão qualquer; o Avô comia um pão de centeio, que naquela altura me parecia enorme, e que cortava com a ajuda da sua navalha, num corte seguro e imensamente preciso, originando grande fatias semilunares de pão. Para mim, observá-lo neste pequeno gesto, era quase uma cerimónia. Ele nunca deu conta, penso eu, de como eu gostava assistir ao seu ritual. O Avô tinha um pão especial que cortava com a sua navalha - e também a navalha era um objecto que me merecia imenso respeito porque o Avô andava sempre com ela num dos bolsos das calças.

À hora do lanche, o Avô voltava a comer o seu pão centeio, desta vez com uma ou duas fatias de queijo; queijo de verdade, daqueles feitos de forma artesanal, feios, tortos e mal cheirosos que ainda hoje fazem as nossas delícias. E lá vinha a navalha, o corte perfeito no pão grande e cinzento, que era, não o pão centeio (sabia lá eu o nome dos cereais), mas antes o "pão do Avô".

Hoje, o Avô já não come este pão... mas a navalha, essa, está sempre lá.



Inté*