E lá fui eu fazer a ecografia. Desconfio que se estivesse grávida, ainda tinha tido a criança antes de fazer o exame... Não se percebe como é que é possível manter um serviço tão desorganizado, mas enfim.
Sabem que hoje, pelo menos nas cidades mais pequeninas, é o dia de "ir ao cemitério". Quando saí de manhã, eram mais as pessoas que levavam grandes arranjos de flores nos braços do que aquelas que não o faziam e então lembrei-me porquê. Desconfio que chega a existir uma certa rivalidade para averiguar quem tem a campa mais bonita (não entre os mortos, claro, que esses tanto lhes faz terem flores como não terem).
Eu pessoalmente, acho que no geral, hoje é o dia do cinismo. Todos vão a correr visitar os seus entes queridos, todos choramingam um bocadinho, todos se recordam com saudade do falecido... incluindo aqueles que nunca quiseram saber da pessoa quando ainda estava viva. E esses, contribuem para o infeliz teatro carpideiro que se vê hoje.
Enquanto aguardava a minha vez, um senhor, já de alguma idade, também atento a esse cortejo florido, disse-me:
Sabe menina, as melhores flores dão-se em vida.
Nem mais.
Inté*