Temos assistido nos últimos dias a alguns actos de violência que nos fazem questionar até que ponto somos realmente animais racionais. De vez em quando, somos apanhados de surpresa por notícias horrendas de pais que matam filhos, filhos que matam pais, e por aí fora. Por um lado, fico contente que estas notícias ainda tenham o poder de nos chocar. A verdade, é que morrem milhares de crianças todos os dias vítimas de violência, vítimas de fome, vítimas de doença... mas estão longe. Felizmente, esse não é o caso no nosso país.
Alguma coisa nos está a falhar. Eu sei que, perante estes casos, existe sempre uma grande vontade de punir os agressores/assassinos. Imagino que, para os familiares da vítima, seja difícil pensar em outra punição que não uma morte dolorosa que, de alguma forma, vingue o ente querido que se perdeu. Contudo, a morte e a tortura, vêm sido usadas há imensos anos (desde sempre?...) e não parecem ter melhorado o panorama. Vingarmo-nos é uma coisa, querer melhorar as coisas é outra. Penso que todos temos a noção de que uma criança não deve ser educada com base em castigos físicos (o tradicional "bater"). Assim, por que razão defendemos este tipo de punição para os adultos? Não acredito que maltratar alguém incuta nessa pessoa o amor e respeito cuja ausência a levou aos seus actos criminosos. Antes pelo contrário. Além disso, reparem como a vítima que castiga passa rapidamente para o patamar de quem a vitimizou. Parece-me um contrassenso que esta troca de papéis se faça com tamanha facilidade...
A solução certamente não é fácil. E não é fácil porque requer medidas que vão além de uma simples poda nos ramos periféricos da árvore; há a necessidade de trabalhar desde a raíz. Não nos podemos limitar a punir os outros, é preciso reabilitar quem fez mal e, se indicado, dar-lhe oportunidade de viver outra vez. Claro que nada disto resulta se continuarmos a ser educados segundo o princípio do "olho por olho, dente por dente" e outros que tais. Por isso, acredito que a principal intervenção deve ser, antes de mais, a educação dos mais pequeninos com base no respeito e no amor pelos outros.
Inté*