Não acredito que a felicidade de certos momentos compense a tristeza, as saudades, o reverso da medalha, sabem?, desses mesmos momentos, quando um dia se desvanecem na espuma dos dias.
Não sei se os apologistas de que "mais vale ir vivendo picos de alegria, mesmo sabendo que estes não duram para sempre", acredita (e sente) realmente naquilo que diz... a ser verdade; se realmente houver quem tenha essa força de resistir à investida de momentos menos bons com a presença de espírito de que vale a pena encher o coração de alegrias, mesmo que depois tudo lhe seja arrancado, eu sou uma fiel admiradora. Não sei usar essa armadura (ou não a tenho, não sei).
Se pudesse viver segundo o estoicismo de Ricardo Reis, - apaticamente, evitando tudo o que pode correr mal - eu vivia, de bom grado. Vivia com o meu barco perto do cais. É uma cobardia, eu sei. Mas se pelo menos, tudo aquilo que nos magoasse nos arrancasse o coração de uma vez por todas, já não sentiríamos nada. Mas não. Cada coisa que nos magoa, é um repelão, uma contusão, dores inúteis que não matam, mas moem.
Também não é verdade que sentimos só com o coração, pois não? Isso seria até bastante bom, na medida em que a dor ficaria circunscrita ali, na área do hemitórax esquerdo. Eu sei que não sentimos só com o coração porque, quando estamos felizes, tudo em nós fica diferente e, quando passamos por episódios menos bons, tudo nos dói...
Inté*