Miguel Esteves Cardoso escreveu:
"Reagir à Saudade e à Tristeza
A maneira de reagir à saudade e à tristeza é ter um coração bom e uma cabeça viva. A saudade e a tristeza não são doenças, ou lapsos, ou intervalos, como se diz nos países do Norte. São verdades, condições, coisas do dia a dia, parecidas com apertar os atacadores dos sapatos. É banalizando-as que as acompanhamos. Um sofrimento não anula outro. Mas acompanha-o. Para isto é preciso inteligência e bondade. Aquilo que resta são as pequenas alegrias (...).
Falo das alegrias que se tornam rotinas, com que se conta: comprar revistas, jantar ao balcão, dormir junto do mar, dizer disparates, beber de mais, rir. Coisas assim. São essas coisas — entre as quais o amor — que não se podem deitar fora sem, pelo menos, morrer primeiro."
Todos os dias, os meus gestos pequeninos são uma fracção dos gestos que não posso ter contigo. E todos os sorrisos e conversas, e "bons dias", são formas de ocupar uma boca que não pode falar contigo. Mas se a maneira de reagir à saudade é ter um coração bom, então, o meu parece não ser bom o suficiente.
Inté*
5 comentários:
Adorei o texto. Aliás, de uma forma geral gosto de tudo o que o MEC escreve.
Se a saudade for grande, não há coração que a consiga conter. Por isso às vezes a saudade transforma-se em lágrimas e transborda. :|
Maria do Mundo: ele escreve muito bem :)
esperto que nem um alho: pois é...
Um belo texto que me faz ficar curiosa em relação ao escritor.
Marlene Cardoso: gosto muito deste texto ;)
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