quarta-feira, 9 de março de 2016

Eutanásia

É um tema complexo que deve ser debatido. Não sei se estamos preparados para um referendo no âmbito de um tema desta envergadura. Aliás, tenho a certeza que não. Primeiro porque "eutanásia" é, grande parte das vezes, um conceito mal interpretado. "Eutanásia" significa o acto deliberado de pôr fim à vida de uma pessoa a pedido da mesma. "Eutanásia" não é desligar as máquinas num doente em morte cerebral, nem é o mesmo que evitar a prescrição de tratamentos que já não trazem qualquer benefício ao doente. Existem, portanto, muitas interpretações erradas acerca deste conceito.

A morte é um acontecimento natural na vida do ser humano. A nossa sociedade, contudo, está mentalizada para evitar a morte a todo o custo; vemos isso todos os dias nos hospitais, quer da parte dos doentes, quer da parte dos médicos. Isso leva-nos ao conceito de "escárnio terapêutico" ou "obstinação terapêutica" que é a "aplicação de tratamentos que, sobretudo no contexto de doença avançada e irreversível, se podem considerar inúteis ou de tratamentos que, embora úteis, são desproporcionadamente incómodos para o resultado que deles se espera." A obstinação terapêutica é, portanto, uma atitude eticamente reprovável. Mas quantas vezes nós assistimos a doentes com prognóstico reservado que continuam a ser submetidos a exames e tratamentos que não lhes trarão qualquer benefício? Quantas vezes os profissionais de saúde são pressionados para "fazer tudo" o que puderem?... É esta sociedade que, ao mesmo tempo, quer legalizar a eutanásia... não chega a ser um paradoxo? Portanto, é importante compreender que  a "suspensão terapêutica e abstenção terapêutica não são formas de eutanásia, quando a decisão médica é determinada objetivamente pelo valor da qualidade de vida e não pela quantidade de vida e respeita a autonomia do doente." Assim, estamos perante dois extremos: o de prolongar a vida a todo o custo e o de terminar a vida de um doente em sofrimento; o difícil é encontrar o ponto de equilíbrio.

A questão da Eutanásia prende-se, obrigatoriamente, com o conceito de dor. Tradicionalmente, a dor e o sofrimento são considerados parte inerente da vida. A nossa educação judaico-cristã aportou com ela o conceito de "carregar uma cruz" como forma de expiação dos nossos pecados (no entanto, é esta mesma sociedade que muitas vezes, como eu disse anteriormente, luta fanaticamente contra a morte, acontecimento que, cristianamente, não deverá ser temido, pois dará lugar à vida eterna. Não se percebe esta divergência de pensamento...). Hoje em dia, não é, ou não deveria ser aceite que alguém sentisse dor. Existem inúmeras terapêuticas comprovadamente eficazes e seguras para alívio da dor. Mas existem também muitos mitos em volta deste tipo de tratamentos. "Morfina" é uma palavra que ainda faz arrepiar muitos pelinhos, sem qualquer justificação. "Opióides" são erroneamente associados a doentes terminais e prescrever um opióide a um indivíduo é quase o mesmo que passar-lhe um atestado de óbito. Creio que seja por mitos como este que a dor e as medidas de conforto sejam tão subestimadas e ignoradas em Portugal. E, por esse motivo, sou de opinião que, antes de discutir a legalização da eutanásia, deveríamos discutir a abordagem do doente terminal. Antes de discutirmos a morte como solução para os nossos problemas, deveríamos discutir como atribuir qualidade à vida dos doentes; antes de discutir a morte, deveríamos discutir a vida. Na minha opinião, avançar para a eutanásia antes de tentar melhorar a vida de alguém é saltar uma etapa muito importante. Pedir para morrer porque não se suporta a dor é uma morte digna?... Pedir para morrer porque alguém desconhece como tratar a minha dor não é digno para ninguém e é altamente reprovável, do meu ponto de vista. A eutanásia nunca deve ser a primeira escolha. Quantas pessoas, ao sofrerem dores horríveis, dizem que querem morrer? E quantas desistiriam dessa ideia se pudessem viver os seus últimos dias sem qualquer tipo de dor e desconforto? A eutanásia deve ser a última opção; deve ser considerada apenas perante um sofrimento excruciante que não cede a nada. Nesse sentido, a eutanásia que surge como primeira opção é um comodismo e um atestado de incompetência; a eutanásia é a solução mais fácil e rápida. Existem outros passos a dar antes de considerar a eutanásia. 

Temo que, à semelhança do que aconteceu com o referendo do aborto, também a eutanásia seja legalizada porque o "avançar dos tempos" assim o dita. "O aborto é legal em países modernos", diziam alguns; "a eutanásia é legal em países modernos", é também o que se ouve por aí. Esse não deve ser o argumento. Um país avançado aplica medidas terapêuticas correctamente, faz bom uso dos analgésicos e do conhecimento científico que tem ao seu dispôr. O bom uso desse conhecimento pode evitar muito sofrimento a doentes que, de outra forma, suplicariam morrer. Não podemos permitir que alguém pense que a única solução para o seu sofrimento é a morte! Na maioria dos casos, não é! E é uma hipocrisia e uma falta de ética fazermos crer os outros que não há nada mais a fazer quando a dor não cede a um tramadol... É por isso que eu defendo que não estamos preparados para a legalização da eutanásia; o primeiro passo para a legalização da eutanásia é garantir que todos os doentes tenham acesso a terapêutica analgésica eficaz e medidas de final de vida digno. Quando pudermos assegurar esse tipo de cuidados, quando os profissionais de saúde estiverem vocacionados para o tratamento efectivo da dor, quando o nosso país assumir o conceito de cuidados paliativos, aí sim, teremos uma base segura para a legalização da eutanásia. Enquanto isso não acontecer, a legalização da eutanásia é um "tapar o sol com a peneira".

Vamos lutar por melhores cuidados de saúde? Vamos lutar pela qualidade de vida? Ou vamos lutar pelo direito à morte? Será a única alternativa a uma vida de sofrimento?
Não valerá mais a pena lutar primeiro uma vida digna do que pelo direito à morte? Questões difíceis...

Podem procurar mais esclarecimentos e informações aqui.

Inté*

21 comentários:

Sofia disse...

Gostei muito de ler este texto. Acho que ler a opinião de quem, realmente, sabe o que está a dizer é sempre importante.
A maioria das pessoas fala sem se informar, primeiro. Todos os médicos deviam partilhar o seu ponto de vista quanto a este assunto, para nos fazer entender com o que estamos a lidar. É isto que nos faz ponderar melhor os prós e contras. O nosso trabalho de casa, antes de decidir sobre a matéria, deveria ser analisar todas estas opiniões, que, portanto, deveriam ser o vosso trabalho de casa.
Obrigada por teres feito isso! E se tiver a dizer asneiras, perdoa-me. Sei que não é vossa obrigação "ensinar-nos" mas, neste caso, acho que é importante ouvir o que têm a dizer. Quantos mais médicos falarem, melhor!

Estudante disse...

K: não estás a dizer asneira nenhuma :) ninguém é dono da verdade e acho importante que todos nós partilhemos aquilo que sabemos! O objectivo de todos deveria ser o de informar e contribuir para acções tomadas com conhecimento de causa :) o Mundo seria um sítio melhor se agíssemos sempre de forma informada... penso que é vantajoso para todos. Eu não sou especialista no assunto, mas sempre gostei muito de ética. É um assunto que provavelmente não tem uma única resposta certa e que merece toda a nossa atenção :) espero que possamos votar com consciência e da melhor forma possível :)

Inês F. disse...

A existir referendo sobre o assunto, com um projecto de lei decente, votarei sim.
Passo a explicar:
A eutanásia nunca será primeira opção para ninguém e nenhuma sociedade avançada permitirá que esta decisão seja feita de ânimo leve. À semelhança do que acontece com o aborto, existirá um acompanhamento psicológico porque faz todo o sentido.
Em cima disso, certamente terá de existir um parecer médico. Não acho justificável submeteres pacientes terminais, por exemplo, a uma vida dolorosa, se eles não querem, quando não existe medicação que seja capaz de proporcionar o mínimo de qualidade de vida.
Há muitas pessoas capazes de viver com dor. O meu namorado tem espondilite anquilosante e já assisti a crises da doença em que ele não se conseguia mexer. Ele sente dores todos os dias. Mas é algo suportável que, com medicação, permite ter alguma qualidade de vida e apenas esporadicamente é agoniante e insuportável. Mas ele é capaz de suportar esses episódios porque sabe que terminam.
Eu tenho crises de hipersensibilidade no corpo (acabei de inventar o termo, porque não faço ideia o que seja). Há semanas em que todo e qualquer toque, por mais suave que seja, parecem toques em nódoas negras e doem como se lhes espetasses algo fundo e por muito insuportável que isso às vezes seja, eu sei que acaba. Eu sei que passa.

Eu não quero imaginar o que é viver em tortura todos os dias e não haver uma luz ao fundo do túnel. Não existir medicação que te ajude e que te permita viver.

Eu sou perfeitamente a favor da eutanásia, desde que isso seja algo pedido pelo paciente (nunca sugerido pelo médico), desde que exista um período de reflexão e acompanhamento psicológico. Desde que a pessoa esteja em poder de todas as suas capacidades e estando esgotadas as alternativas de tratamento em que o potencial de cura/bem-estar é maior do que os efeitos secundários e perda de qualidade de vida... então sim, permitam às pessoas terminar a sua vida enquanto não são consumidas pela dor e tortura.


Ps. Porque é que se tornou aceitável praticar a eutanásia em animais, a quem não podes perguntar se preferem continuar ou ficar por ali, e não é aceitável quando tens uma pessoa, na sua plena consciência, a pedir?

She disse...

Mais uma vez, um "clap clap clap" para ti :)
Confesso que até há bem pouco tempo partilhava da opinião que a eutanásia deve com certeza ser legalizada, ora essa, para todos os efeitos pertence ao doente o direito de decidir acerca da sua própria vida...ou morte.

Isto talvez porque, também eu, ainda não tinha percebido realmente o cerne da questão e da discussão... E obrigada a todos os colegas que têm manifestado o seu ponto de vista, àqueles que falam por experiência num serviço de paliativos, e àqueles que, como tu, se interessam, investigam e refletem acerca disto.

Acho que é muito importante deixar claro o que tu própria frizaste: o problema aqui é que se está a tentar saltar um passo extremamente importante, e isso é diferente de tentar agarrar "cá" o doente com "unhas e dentes". O problema não está na legalização da eutanásia em si, mas sim nos serviços e cuidados prestados aos doentes em fim de vida, que podem não estar a ser eficientes, ou outros, que o sendo, não estão a ser ouvidos.

"Chocou-me", de certa forma, quando uma colega da faculdade que já trabalhou em paliativos me contou que grande parte dos doentes que pede eutanásia, ao ser tratado de forma eficaz, digna e humana, acaba até ele por agradecer não ter sido feito.
Mais uma vez, falta-nos, enquanto sociedade, muita informação e conhecimento de causa.

Obrigado por ajudares a criar "um pouquinho" (no que podes) a discussão e a curiosidade dos que aqui te vão lendo ;)
Um beijinho

TheNotSoGirlyGirl disse...

esta semana houve uma sessão de esclarecimento sobre isto na FMUL. A proposito de pessoas com cancros graves e que se sabe que nao vao conseguir sobreviver. eu sou a favor disto quando se prove que a pessoa não vai mesmo conseguir, que vai sofrer imenso e que está no "lugar mental" certo para partir. E acho que as familias devem ser acompnhadas..

beijinho e amei o teu blog. estou a seguir-te! segue-me tambem! beijinho!
the-not-so-girlygirl.blogspot.com

Estudante disse...

Inês F.: "Sociedade avançada", penso que disseste tudo :P relativamente ao que disseste sobre o acompanhamento psicológico, infelizmente, estás enganada; esse acompanhamento deixou de ser obrigatório recentemente. É pena, porque é um aspecto fundamental neste tipo de situações! Claro que não se justifica submeter ninguém a uma vida dolorosa :) penso que isso ficou bastante claro ao longo de todo o texto ;) repara que em momento algum eu digo ser contra a eutanásia; eu sou contra a eutanásia como primeira alternativa. Existe muitos tratamentos eficazes para a dor. Se o doente tem dor é porque não está a ser bem tratado. Tu dizes "Desde que a pessoa esteja em poder de todas as suas capacidades e estando esgotadas as alternativas de tratamento em que o potencial de cura/bem-estar é maior do que os efeitos secundários e perda de qualidade de vida... então sim". É exactamente esta a minha opinião :) não percebo porque assumiste o contrário :P em algum momento digo que sou contra a eutanásia?... o que me entristece é que se lute mais por um direito à morte do que por um direito à vida. São coisas diferentes ;)

Aquela estudante: obrigada pelo teu comentário :) acho que percebeste perfeitamente o que eu quis dizer! Eu não estou a dizer que sou contra a eutanásia; eu sou contra a eutanásia como primeira opção; o nosso maior esforço deve ser no sentido de proporcionar qualidade vida às pessoas e não dar-lhes como única solução a morte! Mais uma vez, obrigada ;)

TheNotSoGirlyGirl: acho que mencionaste um ponto muito importante: as famílias devem ser acompanhadas :) acho que é isso que nos falta! Obrigada!

Sci disse...

Concordo que ainda há muito a fazer na área dos cuidados paliativos. E também não sei se estaremos preparados para esse tipo de referendo. Mas adiar a discussão do assunto enquanto a prestação de serviços de saúde não melhora ou a população não fica mais iluminada e esclarecida também não me parece viável. Provavelmente ficaríamos à espera de uma utopia.

Na questão da dor, e quando já não há a mínima esperança, parece-me que mais difícil ainda que lidar com a física, será conseguir aliviar a psicológica... O sofrimento pode tomar muitas formas, e como é que se avalia e se decide o que cada um consegue suportar? Como é que definimos qualidade de vida?

São demasiadas questões e demasiadas respostas, nennhuma necessariamente certa ou errada. No final, provavelmente, ficará mesmo à consciência de cada um...

Estudante disse...

Sci: não devemos adiar a discussão, devemos adiar a decisão enquanto não estamos devidamente informados ;) não é um assunto sobre o qual se possa decidir de ânimo leve... é um tema complexo, sim :) claro que o sofrimento tem muito mais vertentes do que a dor física. Mas a dor, infelizmente, é a mais prevalente... e negligenciada, talvez. A vida é complicada :P nós somos complicados... mas quem disse que isto ia ser fácil, não é? ;)

S* disse...

Defendo completamente o direito à escolha. É um direito de cada um... escolher como morrer.

Anónimo disse...

Não vou tecer grandes comentários acerca de um texto com o brilhantismo de quem sabe escrever tão bem e a autoridade de quem sabe sobre o que escreve.
Não há muito que disse no meu blog que discutir a qualidade da morte, num país onde a qualidade da vida continua a ser uma miragem ao alcance de poucos privilegiados, é atirar areia para os olhos de um povo que prefere morrer a ser um fardo para a família.
Entregar a decisão, através do referendo, ao mesmo povo que elege, sistematicamente, uma classe política corrupta e incapaz, é como entregar a uma criança, os comandos de um avião carregado de passageiros.
A opção pela eutanásia é a prova de que a morte não mete medo: mete medo o modo como se morre.

Estudante disse...

S*: e decidirmos também como viver? ;)

esperto que nem um alho: acho que resumiste em poucas palavras, e com toda a mestria, tudo aquilo que eu disse num texto demasiado longo :P

Anónimo disse...

S*, a escolha deixa de ser um direito, quando a contrapartida à morte é o sofrimento. O que a Estudante propõe, é que antes de se discutir o direito a escolher a morte digna, se discuta o direito de escolher a vida digna e sem sofrimento. Não se trata de prolongar a vida. Trata-se de dar ao doente terminal, a dignidade de não ter que antecipar a morte para acabar o sofrimento.

Gata disse...

Muito boa reflexão!
Quando o meu pai faleceu, senti-me muito magoada, porque achei que tinham feito muito pouco por ele, mas tinha metástases já muito avançadas. Hoje entendo que não havia nada a fazer, mas na altura...
Beijinhos

Estudante disse...

esperto que nem um alho: é isso mesmo ;) é uma falácia usar o sofrimento como única alternativa à eutanásia...

Gata: pois, eu percebo... :) nós achamos sempre que os nossos não devem morrer. Mas a morte faz parte. É duro, é verdade.

Gaja Maria disse...

Um tema bastante interessante e controverso e muito bem exposto por ti. Deve ser discutido sim e antecipar causas e consequências e também quem e como pode ser tomada a decisão de desistir da vida de algúem ou mesmo da nossa própria vida antes de se avançar, se é que se deve avançar. Não se estará apenas a banalizar a morte ao invés de se lutar pela vida? Posso dizer que dói imenso ver o sofrimentos dos nossos e saber que nada há mais a fazer que não e apenas esperar pelo fim e que nesses casos até se podia avançar para a eutanásia, mas que o decidiria, quem conseguiria fazê-lo se a própria pessoa não estiver em condições de o fazer? Não sei, mas não gostava nada de ver a eutanásia passar a ser uma primeira opção antes da vida. Beijinho Estidante

Jedi Master Atomic disse...

Compreendo que para um médico seja mais dificil de a aceitar porque a vossa missão é salvar vidas e não tirá-las. Para nós, não médicos acho que é mais facil ter certezas sobre o assunto. E eu votaria "sim".

Estudante disse...

Gaja Maria: antecipar consequências, exactamente! Mas será que alguém está a pensar nesse aspecto?...

Jedi Master Atomic: a nossa missão é cuidar das pessoas - durante a vida e no processo da morte... pelo menos, deveria ser assim. A ideia não é salvar vidas a todo o custo. Não podemos é deixar as pessoas acreditarem que a única solução para o sofrimento é a eutanásia; na maioria dos casos não é.

Portuguesinha disse...

Olha, se calhar sou abençoada porque, no que respeita a estes temas, tenho dentro de mim a noção do que é de direito ou não. Não ta vou conseguir explicar - nem quero definir. Faz anos que vi este assunto a ser discutido num documentário televisivo - desde então vi mais coisas - depois deixei de me preocupar com o tema. Porque existem coisas que são intuitivas. Entendo toda a ética e sou a favor da vida. Mas sou ainda mais a favor do descernimento que cada qual faz sobre a sua vida.

E depois, deixa-me que te diga...
Há algo de muito errado numa sociedade que mal se importa com a saúde (mental em particular) de um indivíduo enquanto é «saudável» e lhe proporciona muitos dissabores, revelias e outras circunstâncias prejudiciais à saúde - para depois no final, no extremo, se e quando uma doença terminal surgir - ser nesse instante que o valor da vida se torna extremo.

Não que não devesse ser. Só acho que tudo o que vem de trás também devia ser assim. Abç

Portuguesinha disse...

E tem outra coisa: acho que é da natureza humana agarrar-se à vida com unhas e dentes. Pelo que, se alguém considera seriamente a eutanásia - é prestar atenção.

Excepção feita para pessoas com depressão - e mesmo essas, ainda assim, é preciso conceder-lhes o direito de estarem corretas nas suas intenções.

Ah, quem comentou sobre os animais e a eutanásia a que os submetemos sem pestanejar - acho que fechou com chave de ouro.

Dito tudo isto, reforço que defendo a vida. A todo o custo. Mas também defendo o direito do bom senso de cada indivíduo sobre a sua.

Estudante disse...

Portuguesinha: "Há algo de muito errado numa sociedade que mal se importa com a saúde (mental em particular) de um indivíduo enquanto é «saudável» e lhe proporciona muitos dissabores, revelias e outras circunstâncias prejudiciais à saúde - para depois no final, no extremo, se e quando uma doença terminal surgir - ser nesse instante que o valor da vida se torna extremo." Não sei se te referes ao indivíduo em si ou aos profissionais de saúde. De qualquer forma, a base dos cuidados de saúde primários é exactamente a de proteger o indivíduo saudável, de prevenir a doença - porque o valor da vida é sempre extremo. É verdade que a nossa cultura se baseia muito no "correr atrás do prejuízo". Muitos portugueses não têm médico de família, muitos que o têm nem sabem quem é... O valor da vida é sempre extremo. Não percebi o que quiseste dizer.

Portuguesinha disse...

Nem os indivíduos, nem os profissionais de saúde - a sociedade como um todo. A forma como apreendemos as coisas, comportamentos, atitudes... Acredito que antecedendo uma séria doença possa estar centenas de «pequenos aborrecimentos». São «injecções venenosas» aos quais é comum se dar pouca importância. A saúde devia ser mais um todo. Diz-se que é, mas não sei se é de facto.

Talvez isto seja um pouco holístico para o assunto específico de Eutanásia.