Conversas do almoço de Sábado aqui por casa: cremar ou enterrar? Discussão controversa enquanto degustávamos uma perninha de perú assada no forno.
"Eu cá acho a cremação bastante higiénica... ser enterrado é uma porcaria".
"Mas com a cremação a pessoa desaparece muito rápido!"
"A mim faz-me mais confusão saber que tenho um ente querido a apodrecer num sítio qualquer..."
"E quando cremamos, onde pomos as cinzas? Em casa, num potinho? E depois se o potinho não combina com o resto da decoração?"
"E se o potinho cai enquanto estamos a fazer limpeza e aspiramos a avó?"
"Quanto a mim, podem cremar-me e espalhar as cinzas lá no cimo da serra."
"Tão longe?! Espalhamos já aqui... ou ficas no cinzeiro do carro."
"E o vento que faz na serra? Era preciso direccionar bem a coisa, se não ainda ficavas toda agarrada a mim."
"Sim, já não basta agora, ias manter o hábito de forma póstuma."
"Mas a Igreja Católica opõe-se à cremação... diz que se viemos do pó, ao pó temos de tornar..."
"Por favor! E pó não é cinza, queres ver? É mais pó do que ser comido pelas minhocas!"
E pronto, é isto. Pelo menos o perú estava bem bom.
Inté*
16 comentários:
é o género de conversa que deixa a minha mãe nervosa e o melhor timing para falarmos disso é sempre na hora das refeições! :P
voto na cremação! ;)
Ahaha! Adorei.
Ainda estão no básico... E falta criatividade aí, mas gostei.
Debatendo seriamente a questão, por anos achei «romântico»(?) o simbolismo de terminar o fim da existência espalhando as cinzas por aí. Mas nos últimos tempos esse «fechar de ciclo» também me parece fazer total sentido no enterro tradicional, onde o corpo se decompõe como tudo o resto na vida. Sendo a morte um fertilizante e não um poluente :D
Hoje quero vários tipos de destino para os meus restos mortais. Provavelmente não terei nenhum, mas pelo menos uns 5 destinos diferentes gostaria de lhes dar. Afinal, depois de morto, o corpo não tem de se limitar a um só destino. Aliás, pela lei, o primeiro é ser esquartejado para a remoção de órgãos e tecidos moles. Há a autópsia... pelo que, o corpo é "bem violado"...
Já que estão com a serra e o separador de costelas na mão, podem cortar mais algumas partes para lhes dar destino diferentes :D
Oh, desculpa, a resposta acabou mais macabra que a conversa :D
Li num livro sobre morte, locais de enterro e memória (não sou creepy, foi para um trabalho de curso!), que a cremação é uma das mil faces da tendência ocidental para repelir e esconder a morte. A pessoa é cremada, desaparece qualquer vestígio terreno da sua existência, nós não temos que ir ao cemitério trocar as flores e pensamos menos na nossa própria mortalidade.
Pelo menos o peru não estava "cremado" de mais. eheheheh
Então e fazer uma "linha", enrolar uma nota e "snifar" a avó, por engano?
Não deve dar grande "pedra".
Eu estou dividido. Não que seja muito crente nessas tretas de vida para além da vida mas, como dizia aquela vidente, "não negue à partida uma ciência que desconhece" e vai-se a ver e existe mesmo vida depois da morte. O que será pior? Ser enterrado "vivo", ou ir para a fogueira diretamente e sem passar pelo tribunal do Santo Ofício?
E o pior é que eu sou um bocado claustrofóbico... ahahahah
J-o-a-n-a: eu também ;)
Portuguesinha: "esquartejado" para remoção de órgãos :P eu acho que esquartejado não é bem o termo... e salvar vidas depois de morto parece-me extraordinário, mesmo!
Nádia: é uma interpretação interessante :) por acaso, nunca tinha ponderado esse ponto de vista. Eu acho a cremação bastante mais higiénica :P esse é o principal motivo que me leva a defendê-la :)
esperto que nem um alho: ahaha! Hoje em dia já ninguém é enterrado vivo... digo eu :P quanto à claustrofobia, eu também tenho um bocado, mas acho que nessa altura já não vai fazer grande diferença ;)
Tb voto na cremação. Aliás já dei ordens para isso, caso algo me aconteça. Não quero ser enterrada!
Moa: ;)
Ahahahah, foi mesmo conversa de Halloween!
E não se chega a conclusão nenhuma, né?...
Alex: foi mesmo :P
Paula: ora bem :P
:P Pode não ser o termo, mas é a prática :D
Não é um termo bonito, isso não é. Mas na prática... não é no que vai dar?
Nunca vi uma operação dessas, embora já tivesse desejado acompanhar de perto a preparação do corpo de um familiar para o velório. Aliás, até hoje lamento não ter expresso essa vontade. Mas se o tivesse feito, a grande e incontornável objecção deveria vir da restante família. A morte é cada vez mais um bicho papão. E está muito formatada. Se quiseres fugir dos padrões, ficas carimbada com um estigma qualquer.
Mas não faz tantos anos assim, as pessoas morriam nas suas casas e eram os amigos próximos que cuidavam do corpo. Há algo nesse processo que eu acho de grande utilidade. Para começar, acho que um contacto mais próximo com a morte de um familiar mantém as pessoas mais humildes. Essa noção de fragilidade, mortalidade, esse contacto pessoal dos tratos com o morto... Além de ajudar todo o processo de luto e pesar.
Eu quando morrer quero ser "cromado", só para ser diferente!
PM: parece-me uma ideia "brilhante" ;)
Portuguesinha: isso que dizes de morrer em casa, é verdade :) eu tenho pena que tantas pessoas morram nos hospitais. Eu preferiam morrer no meu cantinho com as pessoas de quem gosto :)
AHAHAH
Deliciosooo!!! XD
O peru, claro :p
Pam: ahahah! O perú, o perú... ;)
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