Saí depois de almoço para comprar o bilhete que me há-de levar de volta a casa durante uns diazinhos. A meio do percurso, duas ou três passadeiras obrigam-me a parar por uns segundos antes de atravessar a rua. E é quando paro durante esses breves instantes, que os meus olhos pousam descontraídos nas flores dos canteiros que salpicam aqui e ali. São um alívio no meio de tanto alcatrão... Tão coloridas e cuidadas!
Abençoadas passadeiras que me fazem parar um bocadinho e fazer girar a cabeça de um lado ao outro para ver mais do que apenas a estrada. "Pare, escute e olhe", são as indicações que geralmente acompanham as passadeiras, e eu fico a pensar se este "pare, escute e olhe", para além de nos poder salvar de uma morte física, não nos poderá salvar também de outro tipo de morte, ao nos convidar a parar por um momento, a olhar e escutar à nossa volta.
Talvez as passadeiras sejam pequenos pontos de pausa neste mundo caótico; uma oportunidade de olhar à nossa volta antes de seguirmos em frente.
Inté*
14 comentários:
Hoje, só tenho uma palavra: Bonito! :)
Os poetas conseguem ver um mundo cor de rosa onde os simples mortais só veem alcatrão pintado às riscas.
A passadeira ideal teria uns banquinhos para nos podermos sentar no meio da estrada a apreciar as flores. eheheheh
R: Quem sabe ;) Obrigado! Tudo de bom para ti! :)
E andam por aí muitos mortos-vivos! Qual parar para contemplar a beleza de um canteiro, qual quê? ;)
Beijinhos
Olha a poeta :P
A menina anda muito Amélie para o meu gosto.
E não é que eu gosto?
;D
K: :)
homem do leme: parece-me boa ideia ahah :D
Melvin: obrigada :)
Gata: é verdade ;)
Jedi Master Atomic: ahah :P
Mam'Zelle Moustache: ahah :D eu gosto da Amélie :D
Uma ideia bem interessante
Podem ser. O são para ti.
Mas não trabalhas em Lisboa, acabei de o constatar.
Se sim, tens de me dizer onde é que estão esses canteiros de flores e BEM CUIDADOS que eu também quero ir para aí "parar, escutar e olhar!"
Os meus "canteiros", que ainda hoje vi quando parada na passadeira a aguardar o semáforo ficar verde para o peão, foi a palha de metro e meio, seca, alta, toda a minha volta. O lixo encostado nas beiras, papéis, plásticos, vidros... porcarias.
Esses canteiros floridos vivem na minha memória de menina. Acredita que até hoje anseio por voltar a avistá-los, junto com aquelas flores específicas, coloridas, laranjas, amarelas, rosas, brancas e até azuis! E o cheiro? Trazido pelo vento ou emanado pela terra molhada?
Sinto falta dos canteiros de flores que me assinalavam que a escola estava próxima.
Homem do leme: também és um poeta eheh!
Essa de meter bancos nas passadeiras e ficar a mirar é uma ideia tão agradável que já me apetece pô-la em prática :)
Realmente é muito bom pararmos e observarmos, porque hoje em dia é tudo tão automático que nem damos o devido valor às paisagens e ao que nos rodeia!
redonda: :)
Portuguesinha: o Homem do Leme também estava inspirado! E tens razão, eu não trabalho em Lisboa... :) mas Lisboa também tem muitas coisas bonitas ;)
SuperSónica: é verdade ;)
Gostei da reflexão! Da próxima vez que atravessar a passadeira vou ter em atenção as flores (se as houver)!
Já andei a vasculhar o resto do blog e gostei muito da tua escrita!
Teresa: oh ^^ obrigada, Teresa!
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